
80% das empresas de internet que atuam nas comunidades do Rio de Janeiro são controladas pelo crime organizado. Para tentar reverter isso, a Anatel alterou regras e diz que vai bloquear o serviço de quem não seguir a lei.
O monopólio do serviço de internet está consolidado na maior parte das 813 favelas cariocas. Cerca de 8 em cada 10 empresas presentes nas comunidades estão diretamente ligadas a organizações criminosas ou são extorquidas por elas. Os moradores não têm escolha.
"A internet tem que ser a deles, eles só não tiram a agua e a luz porque eles não podem, porque se pudessem eles tiravam também”, disse uma vítima que não quis se identificar.
A situação também põe em risco dados de clientes que, sem a devida proteção legal, podem ser usados por criminosos. Além da internet, traficantes e milicianos controlam serviços como gás, transporte, construção e até matéria-prima de alimentos, como farinha.
Um levantamento da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro foi enviado à Anatel, que alterou uma norma para combater o mercado clandestino. Até então, mais da metade dos provedores de internet no estado operavam sem autorização.
Empresas com até 5 mil acessos não precisavam de permissão da Anatel para funcionar. Agora, todas vão ter que pedir autorização até o fim de outubro deste ano. Quem não se regularizar terá o sinal bloqueado e o cadastro cancelado.
“Se a gente botar 40.000 pessoas na Rocinha pagando o plano básico de internet de R$ 100, a gente tem um faturamento de R$ 4 milhões por mês. Isso só de internet. Então, são receitas que revertem na compra de armas, principalmente fuzis, que é o instrumento de dominação territorial hoje no Rio de Janeiro”, disse Vitor Santos, secretário de segurança pública.