
O presidente da Câmara, Hugo Mota, voltou a defender a decisão que derrubou o IOF e acusou o governo de alimentar o "nós contra eles". Do outro lado, o governo diz que o aumento do imposto é justiça social.
Hugo Motta começou a semana com dois recados. O primeiro, público: rejeitou, pela internet, o rótulo de “traidor” dado por parte dos governistas.
Já os oposicionistas e o centrão dizem que tudo não passa de “desculpa”. A proposta que derrubou a alta do imposto foi aprovada com maioria folgada, mais de 380 dos 513 deputados.
“Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento. Quem alimenta o “nós contra eles” acaba governando contra todos. A polarização política do Brasil tem cansado muita gente e, agora, querem criar a polarização social”, disse Motta.
Outro recado do presidente da Câmara foi transmitido nos bastidores. Hugo Motta fez chegar a interlocutores do planalto que se o governo recorrer ao Supremo para manter a taxação, “vai dinamitar pontes importantes no Congresso”.
A Advocacia Geral da União entregou ao presidente Lula o recurso para tentar manter a cobrança, mas o petista não definiu o que fazer. Já há uma ação do PSOL questionando a derrubada no STF.
Nesta segunda-feira (30), o presidente do Tribunal decidiu que Alexandre de Moraes será o relator porque já é responsável por outra ação semelhante.
Também hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o aumento do IOF é “justiça social”.
“Vamos continuar fazendo justiça social, pode gritar, pode falar, vai chegar o momento de debate, mas temos que continuar fazendo justiça social e não podemos nos intimidar”, disse.
Lula quer se reunir com os presidentes da Câmara e do Senado para abaixar a temperatura. A ideia é que o encontro aconteça até o fim da semana.