Clube FM 100.5 - Tá na Clube, Tá Legal! | Ribeirão Preto/SP
Bombeiro aponta falhas em tentativas de resgate de brasileira que morreu em vulcão na Indonésia

O corpo da brasileira Juliana Marins foi resgatado do penhasco de um vulcão na Indonésia nesta quarta-feira (25). Ela ficou 4 dias esperando socorro em condições extremas e não resistiu. Especialistas que conversaram com o Jornal da Band apontam falhas graves nas tentativas de resgate.

A quase 4 mil metros de altitude, voluntários e as equipes de resgate conseguiram içar o corpo de Juliana Marins, em uma operação que exigiu o uso de rapel. 

O resgate durou cerca de 15 horas. O corpo da brasileira foi carregado até a base da montanha e depois levado a um hospital, onde vai passar por exames que devem esclarecer a causa da morte. 

Um voluntário foi quem alcançou o corpo da brasileira no precipício. Agam montou passou a noite lá, 600 metros penhasco abaixo, para impedir que o corpo deslizasse ainda mais. Após a conclusão da operação, o serviço nacional de salvamento da Indonésia, que tem sido alvo de muitas críticas, divulgou um vídeo em tom de celebração. 

Apesar dos apelos da família por agilidade no socorro, Juliana não recebeu itens básicos, como água, comida e agasalhos. E quando foi finalmente alcançada, 4 dias depois, já estava morta. Até as cordas usadas inicialmente na operação eram pequenas com, no máximo, 250 metros de comprimento.

Especialista destaca falha de socorristas 

Para este bombeiro, especializado em salvamentos na natureza, um erro primário. 

“Quando vamos para um socorro ou qualquer tipo de evento, seja salvamento em montanha ou em outra área, a gente presume que tem que ser levado mais que o necessário. Não ter as cordas necessárias no momento foi uma negligência de não entender a logística do local”, diz Leandro Borges, bombeiro militar. 

Juliana, de 26 anos, decidiu encarar o desafio da trilha do Monte Rinjani, o segundo maior vulcão da Indonésia, ao lado de outros cinco estrangeiros e um guia local. Uma caminhada de três dias, num terreno arenoso e escorregadio, com temperaturas próximas de zero e neblina constante. 

No segundo dia de percurso, a brasileira, muito cansada, pediu para parar. O guia seguiu com o grupo e teria deixado Juliana sozinha. Ele negou ter abandonado a brasileira e disse que o combinado foi se encontrarem mais adiante. 

Fazer uma trilha como essa exige mais do que preparo físico. É preciso conhecimento técnico, equipamentos adequados e protocolos rigorosos de segurança. O caso de Juliana revela uma sucessão de falhas e omissões, especialmente de um princípio que deveria ser inegociável nesse tipo de aventura: ninguém pode ser deixado para trás. 

“Começa junto e termina junto. Não existe deixar alguém para trás”, disse o guia de turismo Wesley dos Santos. 

A jornalista Domitila Becker conta que fez a mesma trilha até o topo do Monte Rinjani há 8 anos e que, além da dificuldade extrema do percurso, foi abandonada pelo guia turístico. 

“Estava muito escuro e muito vento. Foi o lugar que eu peguei mais vento. Teve uma hora que eu deitei para conseguir respirar e me proteger do vento. E o guia foi embora. A impressão que dá é que eles não estavam preparados para essa gestão de um grupo em um lugar perigoso”, disse. 

Família acusa autoridades da Indonésia de negligência

No sábado, dia em que Juliana caiu, o drone de um turista gravou imagens dela, ainda viva. A família de Juliana fez uma postagem nas redes sociais em que acusa o serviço nacional de resgate de negligência: "Se a equipe tivesse chegado até ela dentro do prazo estimado de 7h, Juliana ainda estaria viva". A família diz que vai atrás de justiça. 

O Itamaraty informou que a lei impede que o governo pague com recursos públicos o traslado do corpo de brasileiros mortos no exterior. O ex-jogador Alexandre Pato, entrou em contato com a família e se ofereceu para arcar com os custos. 

O pai de Juliana, que chegou ontem à Indonésia, fez uma carta emocionante para a filha. Em um dos trechos, disse: "Você se foi fazendo o que mais gostava, e isso conforta um pouco o nosso coração".

Fonte: Band.
Carregando os comentários...
Clube da Insônia com Programação Clube
Péricles, Seu Jorge - Boca Louca
Carregando... - Carregando...