Em entrevista exclusiva, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, um dos principais nomes no combate ao crime organizado no Brasil, revelou detalhes assustadores de um plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para assassiná-lo.
Esta não é a primeira vez que o promotor se torna alvo do PCC. Sua atuação contundente contra a liderança da facção o colocou em uma posição de risco constante. "Estou há mais de uma década escoltado", revelou, acrescentando que já perdeu as contas de quantos planos para executá-lo foram descobertos.
A persistência das ameaças cobra um preço pessoal alto. Gakiya confessou o impacto emocional que a recente morte do delegado aposentado Ruy Ferraz Fontes, também alvo de uma ordem de execução do PCC, teve sobre ele.
"Com a morte do Ruy, temi pela minha própria vida", admitiu.
A situação o leva a refletir sobre seu futuro após a aposentadoria: "É possível que tenha que sair do país caso eu não tenha a proteção adequada".
PCC mapeou rotina do promotor Lincoln Gakiya em plano de atentado
Para Lincoln Gakiya, é um erro tratar o PCC apenas como uma "facção criminosa". Ele argumenta que a organização evoluiu e hoje atua com as características de uma máfia.
As informações foram descobertas após a extração de dados de celulares apreendidos com integrantes da facção criminosa. Além de Gakiya, o coordenador de presídios da região oeste de São Paulo, Roberto Medina, também era um dos alvos.
Vigilância detalhada: Do trabalho à academia
O nível de detalhamento da vigilância expõe a ousadia da organização criminosa. Segundo o promotor, os criminosos possuíam informações precisas sobre seus hábitos, o que demonstra a seriedade da ameaça.
"Havia levantamentos georreferenciais de locais, de pontos do meu trajeto de casa para o trabalho, [e] algumas rotinas como o trajeto para a academia", detalhou Gakiya durante a entrevista.
Para o outro alvo, Roberto Medina, a situação era semelhante: os criminosos tinham "filmagens de todo o trajeto da residência dele, do local de trabalho, rotina e etc.".
Essa capacidade de monitoramento, segundo Gakiya, foi o que permitiu às autoridades agirem preventivamente. "Graças a Deus, foi um plano que acabamos conseguindo interceptar durante o planejamento", afirmou.