
A carne bovina brasileira, que tem os Estados Unidos como o segundo principal destino externo atrás da China, não foi incluída na lista de isenções anunciada pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira (30). Café, etanol, açúcar, pescados e frutas também ficaram de fora. Com isso, a carne bovina passará a pagar, a partir do dia 6 de agosto, um total de 76,4% de tarifas, já que a tarifa de 50% será adicionada às atuais taxas, que são de 26,4% para o produto.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), instituição que representa 45 agroindústrias exportadoras de carnes, afirmou que vai continuar tentando uma negociação com o governo norte-americano. Roberto Perosa, presidente da Abiec, estima que só nos próximos seis meses, o prejuízo para o setor é estimado em USD 1 bilhão.
No ano passado, os Estados Unidos importaram 229 mil toneladas de carne bovina do Brasil e a meta dos exportadores brasileiros, para 2025, era atingir 400 mil toneladas. No primeiro semestre de 2025, os frigoríficos brasileiros exportaram 181 mil toneladas para os Estados Unidos. Com a atual taxa, de 76,4%, as exportações das 200 mil toneladas que ‘sobram’ tornam-se inviáveis. Esse volume de carnes deve ser direcionado a outros países ou mesmo distribuído no Brasil, o que provocaria uma redução nos preços devido ao aumento da oferta.
Segundo o executivo, que se reuniu com o vice-presidente Geraldo Alckmin após a publicação do decreto de Trump, o governo federal estuda linhas de financiamento para compensar as perdas do setor exportador, incluindo os exportadores de café, pescados, frutas e açúcar e etanol.
Bem como os exportadores de café afirmaram que continuarão negociando a aplicação das sobretaxas de 50%, Perosa diz que o setor de carnes também dará continuidade às negociações com o governo norte-americano.
Nesta semana, a unidade da Marfrig de Várzea Grande, em Mato Grosso, anunciou que desde o último dia 17 de julho, a unidade suspendeu o processamento de carnes destinadas ao mercado norte-americano.