
O relatório da Polícia Civil de são Paulo indicou que parte do dinheiro paga a um intermediário no “caso vai de bet” do Corinthians foi parar em uma empresa acusada pela polícia de lavar dinheiro do PCC.
Quando o novo patrocinador chegou ao Timão, uma comissão de cerca de R$ 1,4 milhão foi paga ao intermediário Alex Cassundé. E esse dinheiro foi fracionado em diversas outras empresas:
- A empresa de Cassundé fez repasses de R$ 580 mil e R$ 462 mil à Neoway Soluções Integradas;
- A Neoway transferiu R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas;
- A Wave realizou três transações diretas para a UJ Football Talent Intermediação, que totalizaram R$ 874.150
E essa última empresa, UJ Football Talent Intermediação, aparece em delações e relatórios do MPSP como uma das empresas usadas para lavar dinheiro do crime organizado. Segundo a investigação, esse tipo de movimento serve para dificultar o rastreio do dinheiro.

Procurado, em nota, o Corinthians afirmou que: “O inquérito policial está sob segredo de justiça, portanto não teremos nenhum comentário a adicionar. O Corinthians não tem responsabilidade por qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja na conta bancária do clube".
Crime organizado no futebol
A primeira denúncia do envolvimento do crime organizado nas transferências de atletas e no mundo do futebol foi de Vinicius Gritzbach, em sua delação ao MPSP. Depois, por Rafael Maeda, o 'Japa do PCC'. A revelação foi feita em depoimento ao Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado, o GAECO do Ministério Público de São Paulo, em 2023.
No depoimento da época, o 'Japa' teria dito que integrantes do PCC agenciavam atletas profissionais e participavam de negociações e contratos com os grandes clubes do futebol brasileiro.
Na investigação, os promotores do GAECO descobriram que Rafael Maeda tinha um livre acesso ao parque São Jorge, CT do Corinthians, e mantinha contato com dirigentes do Timão e jogadores.
Ao quebrarem o sigilo telefônico do 'Japa do PCC', os promotores descobriram uma troca de mensagens por aplicativo de celular, onde Maeda fala de contratações, contratos e transferências bancárias.
O promotor Lincoln Gakyia, em entrevista à Rádio Bandeirantes, garante haver participação do crime organizado não só no esporte, como no mundo da música.
"Posso garantir que há a participação do crime organizado na carreira dos jogadores, cantores, funkeiros, etc. Essas pessoas não têm o menor envolvimento, mas o crime organizado já percebeu que é um bom filão para se atuar", pontua.