Uma quadrilha especializada em roubos de joias que agia no interior de São Paulo foi desmantelada, e a maior parte dos integrantes está presa, incluindo a jovem Júlia Moretti, de 21 anos, apontada como a mentora intelectual dos ataques. O grupo foi alvo de reportagens do Brasil Urgente ao longo dos últimos meses.
Segundo a polícia, em maio de 2025, os criminosos invadiram uma casa em Ribeirão Preto, levando cerca de 300 joias, incluindo peças de ouro e diamantes. O prejuízo para as vítimas foi superior a R$ 3 milhões.
Após o crime, dois suspeitos, incluindo um conhecido como "Alemão" ou "Barbie", viajaram para Ubatuba, no Litoral Norte, onde conheceram Júlia Moretti. De acordo com a investigação, a jovem de 21 anos elevou o nível da quadrilha, tornando-se a responsável por planejar ataques a residências e joalherias e por encontrar um fornecedor para vender as peças roubadas.
Júlia Moretti e a tática de invasão
A investigação policial, que contou com a colaboração de um delator que está no programa de proteção à testemunha, revelou o papel de Júlia Moretti no esquema.
- Função como distração: O líder da quadrilha, conhecido como "Gordão", afirmou que, para invadir os condomínios, era necessário ter mulheres jovens e bonitas. Júlia Moretti, então, atuava como distração de vigilantes e recrutava outras mulheres para participar do plano.
- Planejamento de roubo em prédio: Para o último assalto, ocorrido em setembro de 2025, no qual o grupo conseguiu levar mais de R$ 4 milhões em joias, Júlia Moretti chegou a alugar um apartamento no prédio que seria alvo.
- Preparação da quadrilha: O delator revelou que o grupo encomendou perucas e roupas femininas com "Baiano", outro integrante, e os materiais foram retirados no escritório dele. Os alvos do arrastão estavam definidos: apartamentos entre o 7º e o 14º andar do prédio. A quadrilha buscava sempre casas ou apartamentos onde sabiam que encontrariam pedras preciosas e dinheiro vivo.
Joias vendidas em programa de televisão
As joias roubadas eram levadas de Ribeirão Preto para um intermediário em Uberaba, no Triângulo Mineiro, de onde eram vendidas para diversas regiões do Brasil. Uma parte das peças roubadas chegou a ser vendida para um programa de televisão.
Porém, a vítima do roubo reconheceu as joias enquanto assistia ao programa, as comprou para confirmar a autenticidade e, então, denunciou o caso à polícia. Segundo o delator, essa descoberta causou uma crise na quadrilha, já que a ideia inicial era derreter as joias.
O delator, que colaborou com a polícia, chegou a ser preso pela Polícia Civil ao tentar fugir de Ribeirão Preto para São Paulo, após o ponto de encontro da quadrilha ser descoberto. Ele afirmou ter medo de morrer por colaborar com as investigações, medo que, segundo ele, aumenta por já ter sido ligado a uma facção criminosa.
A maior parte da quadrilha, incluindo Júlia Moretti, já está presa. No entanto, o integrante conhecido como "Baiano", peça importante para fechar a investigação, continua foragido.