
Imagens obtidas com exclusividade pelo jornalismo do Brasil Urgente mostram Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, sendo preso ao tentar renovar o documento para estrangeiros que residem na Bolívia, no centro comercial da cidade Santa Cruz de la Sierra.
Considerado a principal liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) após a prisão de Marcola, Tuta foi preso na última sexta-feira (16) em uma ação conjunta das polícias da Bolívia e do Brasil.
Nas imagens, o Tuta (de camisa clara) aparece sentado próximo de outra pessoa. Em um determinado momento, ele fala no telefone e se prepara para entrar em outro local, para tirar uma foto para o documento, quando os funcionários do estabelecimento percebem a divergência de dados.
Tuta aparece sendo atendido por um funcionário quando uma equipe da polícia boliviana se aproxima e aborda o criminoso, é possível ver o momento em que ele se assusta. Na sequência, as autoridades efetuaram a prisão.
Quem é o Tuta do PCC?
Tuta é apontado como substituto de Marcola, no comando do PCC. Marcos estava foragido desde 2021. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apontou Tuta como responsável por movimentar cerca de R$ 1 bilhão para a organização criminosa entre os anos de 2018 e 2019. Ele também é indicado como um dos principais articuladores de um esquema internacional de lavagem de dinheiro vinculado ao PCC.
Segundo o MP-SP, Tuta sucedeu Marcola como principal liderança e mandatário do PCC. Ele era apontado como a principal liderança da facção fora das cadeias e mantinha contato direto com outros líderes presos, incluindo Marcola. Na operação Sharks, em 2020, o MP indicou que ele era responsável por comandar os integrantes soltos da organização criminosa.
Conforme o promotor Lincoln Gakiya, especialista no enfrentamento ao PCC, em entrevista ao Estadão, a facção espalhou a informação falsa nos últimos anos de que Tuta estava morto. A ideia era que o Ministério Público e a Justiça não o incomodassem durante a elaboração de um plano de fuga para tirar da cadeia Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que está preso desde 1999 e é a liderança máxima do PCC.
A investigação aponta ainda que Tuta era suspeito de ser responsável pelos planos de fuga de outras lideranças do PCC reclusas em presídios federais, e de liderar os planos para assassinar agentes e autoridades públicas em represália às transferências e ações contra a cúpula da organização.
Ele também teria planejado atentados contra autoridades e era responsável pelo levantamento de endereços dessas pessoas e de policiais. Em setembro de 2020, o nome de Tuta foi envolvido em uma carta de três páginas que denunciava possíveis atentados contra um juiz de Rondônia e funcionários do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) em protesto contra a falta de visitas em presídios federais.
Tuta também tinha carta branca da alta cúpula para gerenciar os negócios da facção, principalmente o tráfico internacional de drogas.