
O assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, chocou o país pela motivação torpe, segundo apontam investigações preliminares da Polícia Civil de Minas Gerais. O principal suspeito do crime é Renê da Silva Nogueira Júnior, casado com a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, possível proprietária da arma usada para tirar a vida de um trabalhador, na última segunda-feira (11), em Belo Horizonte.
Em nota enviada ao Band.com.br, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a prisão em flagrante de Renê e destacou motivo fútil do homicídio, sem possibilidade de defesa da vítima. Segundo testemunhas, o crime aconteceu porque o suspeito queria que o caminhão da limpeza pública abrisse espaço para ele passar com o carro.
A partir da exigência de Renê, iniciou-se uma discussão do suspeito com os trabalhadores da limpeza pública. Segundo apurou a Band Minas, com base em depoimentos de testemunhas no boletim de ocorrência do fato, o homem se irritou porque o caminhão da coleta de lixo, supostamente, atrapalhava o trânsito.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, após apontar a arma para a cabine do caminhão, em ameaça para a condutora do veículo, Renê saiu do carro com o revólver em punho e disparou na direção de Laudemir. Apesar de ter sido socorrido, não resistiu aos ferimentos.

Laudemir era gari há nove anos e deixa uma filha adolescente. No trabalho, era visto como gentil e funcionário exemplar. As palavras são do próprio patrão da vítima, Ivanildo Lopes, em entrevista à Band Minas.
Suspeito foi demitido
Na outra ponta desse caso, está Renê, um executivo recém-contratado por uma gigante empresa brasileira do setor alimentício. Em nota enviada ao Band.com.br, a companhia confirmou a demissão do suspeito e repúdio ao crime. Na corporação, ele trabalhou por duas semanas como diretor de Negócios.
“[A empresa] informa que Sr. Renê Júnior havia iniciado a prestação de serviços há menos de duas semanas. A empresa repudia essa e qualquer tipo de conduta fora dos valores da companhia e manifesta sua solidariedade à vítima e aos seus familiares”, diz trecho da nota da empresa onde Renê trabalhava como executivo.
“Cristão, marido, pai e patriota”
Nas redes sociais, agora com os perfis apagados, Renê se descrevia como “christian, husband, father & patriot”. A tradução do inglês para o português indica “cristão, marido, pai e patriota”. O Band.com.br conseguiu essas informações por meio da pesquisa do Google, como é possível ver no print abaixo, apesar do bloqueio do perfil no Instagram.

Em uma postagem do ano passado, a esposa apresentou Renê como um homem de “caráter irrefutável, justo, empático, amável e adorado pela família e amigos”. Abaixo, veja abaixo a captura de tela exibida em reportagem da Band Minas!

Delegada será investigada
A investigação não descarta que os disparos que mataram o gari foram feitos da arma da delegada Ana Paula. Sobre isso, a nota da Polícia Civil destaca “compromisso com a legalidade, a imparcialidade e a elucidação completa dos fatos”. O caso também foi encaminhado para a corregedoria da corporação.
“Diante das circunstâncias, a Corregedoria-Geral da instituição instaurou um procedimento disciplinar e inquérito policial para apurar, com rigor e transparência, todos os elementos relacionados à eventual conduta de uma delegada que possui vínculo pessoal com o suspeito detido”, diz a nota enviada.
Preso em academia
Renê foi preso em uma academia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, oito horas após o crime. O suspeito foi levado pela Polícia Militar, sem algemas e com o rosto coberto. No local do assassinato, ficaram as luvas que Laudemir usava durante o trabalho. Para a família da vítima, restou o clamor por justiça.
O meu irmão é um pai de família. A justiça dos homens é falha, mas a de Deus, não (Lidiane de Souza, irmã de Laudemir, em entrevista à Band Minas)
O Band.com.br não conseguiu entrar em contato com os advogados de Renê nem da delegada Ana Paula. Em caso de pronunciamento das partes, esta reportagem será atualizada com as devidas defesas.