
Guilherme Serrano tem 11 anos. Ele cresceu no Reino Unido. Frequenta escola. Fala inglês, escreve em inglês. Mas, para o governo britânico, ele não pode mais ficar. Em junho, Guilherme recebeu uma carta do Ministério do Interior do Reino Unido: ele deveria deixar o país. Seu irmão mais novo, Luca, de oito anos, também pode ter o mesmo destino.
Eles nasceram nos Estados Unidos e nunca moraram no Brasil. Vieram para o Reino Unido com 2 e 5 anos. E não estamos falando de um caso de entrada ilegal. Guilherme e Luca cresceram dentro do sistema britânico. Vão à escola, têm amigos, jogam futebol no parque.
O pai, Hugo, é professor Universitário. Ana, a mãe das crianças, é enfermeira no sistema público de saúde, o NHS. Ambos pagam impostos e têm permissão legal para viver e trabalhar no Reino Unido. Mas a separação do casal revelou um vácuo na burocracia britânica: os filhos, que eram dependentes do visto do pai, viram seus pedidos de residência negados.
O caso surge em meio a uma onda crescente de endurecimento nas políticas de imigração do Reino Unido. Sob pressão política e da própria população, o governo do Partido Trabalhista, promete cortar drasticamente os números de imigrantes - e parece disposto a fazer isso a qualquer custo.
Desde o fim do livre trânsito com a União Europeia, após o Brexit, o governo britânico tem uma meta clara: reduzir drasticamente a imigração - até a legal.
Em 2024, o Reino Unido atingiu um número recorde de imigrantes legais - mais de 700 mil pessoas. Pesquisas apontam que imigração virou a principal pauta para sociedade britânica. A resposta política veio em forma de medidas duras:
- Aumento do salário mínimo exigido para trabalhadores estrangeiros;
- Restrições para famílias de imigrantes trazem dependentes;
- Menos vistos concedidos a estudantes internacionais.