Investigação da Polícia Federal revelou uma fraude no INSS. No relatório, a PF afirma que a decisão de implantar uma “solução provisória” para a liberação de descontos foi tomada mesmo com risco de fraudes já identificado e sem o uso de biometria, que garantiria maior segurança. A autorização foi dada pelo então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, demitido recentemente, e levou à inclusão de quase 800 mil novos descontos, envolvendo mais de 30 entidades, apenas no primeiro mês.
A liberação aconteceu em junho de 2024, sem que a biometria - obrigatória desde março de 2024 - tivesse sido implantada. Para a Polícia Federal, a medida foi tomada para atender as demandas das entidades, ignorando os interesses dos aposentados. O esquema de fraudes revelado durante uma operação da PF desviou mais de 6 bilhões de reais das contas de aposentados e pensionistas com descontos não autorizados.
Para conseguir os dados dos beneficiários, sindicatos e associações usavam lobistas, que pagavam propina a servidores do INSS para ter acesso às informações. O principal operador financeiro, segundo a investigação, é Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”. Ele é dono de uma empresa offshore nas ilhas Virgens Britânicas e só entre junho e julho do ano passado, adquiriu imóveis em Brasília e São Paulo que somam 11 milhões de reais.
Um agente da própria Polícia Federal também aparece nas investigações, Philipe Roters Coutinho, lotado no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, usou uma viatura da PF para conduzir por áreas restritas. Um empresário e o então Procurador-Geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro - afastado por suspeita de ter recebido valores de lobistas. Na casa de Philipe, policiais encontraram 200 mil dólares. Ele também foi afastado das funções.