
Os casos se repetem. Na última terça, a guarda municipal de São Paulo usou gás de pimenta para conter o tumulto em uma unidade de saúde, depois de um pai ter ameaçado uma funcionária, irritado pela demora no atendimento do filho.
Hoje, funcionários de uma UBS no Distrito Federal fizeram um protesto pedindo melhorias e aumento da segurança. Ontem, um homem atirou objetos contra a recepção alegando falta de atendimento.
O Conselho Federal de Medicina fez um levantamento sobre a violência contra médicos em hospitais públicos e privados no Brasil. Entre 2013 e 2024 foram registrados 38 mil boletins de ocorrência. Só no ano passado, a média foi de doze profissionais agredidos por dia.
Médicos, enfermeiros e funcionários acabam expostos à revolta de quem busca atendimento e muitas vezes não consegue por causa do caos e da superlotação de hospitais e unidades de pronto atendimento. Agora um projeto de lei polêmico quer aumentar a punição para quem cometer crimes contra profissionais de saúde, como agressões e ameaças.
A pena máxima para homicídio, por exemplo, passa de 20 para 30 anos de prisão. O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados e agora segue para o Senado. Mas segundo o diretor do Conselho de Enfermagem de São Paulo, essa lei não resolve os problemas que estão por trás das agressões.
“Falta estrutura, tem sub financiamento do SUS, a questão do atendimento à população, da porta de entrada do munícipe que está procurando serviço. A gente tenta se colocar no lugar dele, mas infelizmente a gente não dá conta de atender a demanda, porque também tem falta de profissionais de enfermagem”, afirmou Wagner Batista.