
Pela primeira vez, as canetas emagrecedoras Mounjaro superaram o Ozempic em interesse de busca no Brasil, segundo o Google Trends. O aumento acompanha a recente liberação do medicamento para o tratamento de sobrepeso e obesidade — até então, seu uso era restrito a pacientes com diabetes tipo 2.
Desde o anúncio da liberação para diabetes, em setembro de 2023, o interesse pelo Mounjaro — e pelo seu princípio ativo, a tirzepatida — vinha crescendo. Agora, com a aprovação concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o índice atingiu o maior patamar já registrado.
No acumulado do ano, de cada 10 buscas sobre Mounjaro e Ozempic, cerca de seis foram relacionadas ao produto recém-liberado.
Celso Cukier, nutrólogo da rede de hospitais São Camilo, em São Paulo, observa que os casos de obesidade — reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o século passado — seguem em alta, especialmente em grandes centros urbanos.
O médico estima que até 30% da população brasileira possa ser afetada pela obesidade e, somado o sobrepeso, esse percentual pode dobrar.
Cukier reforça que o maior problema da obesidade não é estético. “A gordura que acumulamos altera as características metabólicas do organismo, o que acaba desencadeando uma série de doenças. Por isso, tanta gente busca uma cura mágica”, afirma.
A Sala Digital, parceria entre a Band e o Google, reuniu algumas das perguntas mais frequentes feitas na ferramenta de busca sobre o Mounjaro:
Mounjaro: para que serve?
Segundo Cukier, o Mounjaro é um medicamento que simula a ação de hormônios chamados incretinas, produzidos naturalmente pelo corpo. Essas substâncias agem no pâncreas, estimulando a liberação de insulina e ajudando a controlar a glicose, além de atuarem no cérebro, sinalizando saciedade.
Mounjaro precisa de receita?
Sim. O medicamento começou a ser divulgado no Brasil em 2023 e sua venda exige prescrição médica.
Como tomar Mounjaro?
A dosagem deve ser definida pelo profissional de saúde responsável pelo paciente. É essencial que o uso do medicamento esteja inserido em um processo integrado, que envolva mudanças no estilo de vida, e não seja encarado como solução isolada.
Mounjaro ou Ozempic?
Cukier considera tanto o Mounjaro quanto o Ozempic “ótimas medicações” e ferramentas auxiliares no controle de peso, mas destaca que nenhuma delas é capaz de resolver sozinha a obesidade. É preciso mudar hábitos, como alimentação e prática de atividade física.
Ele recomenda a prática regular de exercícios, para acelerar o metabolismo e manter o gasto calórico, além de uma alimentação equilibrada, com menos alimentos ultraprocessados, redução de carboidratos simples, substituição da farinha branca pela integral e diminuição do consumo de sal e gorduras saturadas.
O especialista lembra que o tratamento da obesidade deve ser de médio a longo prazo — não imediato.
Mounjaro emagrece quantos quilos?
Estudos apontam que o Mounjaro pode proporcionar uma perda de até 25% do peso corporal em mais de dois anos. Outras medicações apresentavam percentuais um pouco menores. Cukier ressalta, porém, que, para controle metabólico e prevenção de doenças, a perda de 5% a 10% do peso corporal já traz benefícios importantes.
Mounjaro tem contraindicação?
O nutrólogo alerta que o medicamento não é indicado para gestantes e crianças. A recomendação é para pacientes com índice de massa corporal (IMC) acima de 27 que apresentem comorbidades — como hipertensão, diabetes, pré-diabetes ou dislipidemia — ou para aqueles com IMC superior a 30.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão náuseas, especialmente no início do tratamento e durante o ajuste de doses, geralmente controláveis com medicamentos, além de constipação.
Cukier também adverte sobre o risco de efeito sanfona e perda de massa muscular quando o uso do medicamento não é acompanhado de mudanças nos hábitos, o que pode comprometer a saúde.