
A polícia investiga a morte de um empresário, de 36 anos, em Interlagos, na região sul de São Paulo, e afirma que o corpo foi deixado em outro lugar antes de ser jogado na vala onde foi encontrado.
O Brasil Urgente convidou o perito forense, Cleiton Sá, para fazer uma análise de tudo o que já foi pontuado pela polícia até agora. O exame toxicológico registrou apenas a presença de álcool no organismo da vítima.
“Esse exame já diz que ele só fez o uso de álcool, não fez a ingestão de nenhum tipo de medicamento ou droga. O que descarta a possibilidade de ele ter sido dopado com o ‘boa noite, cinderela’”, explicou.
Posição do corpo indica possibilidade de homicídio
O especialista afirma que a posição em que o corpo foi encontrado, dentro do buraco, também fortalece a possibilidade de homicídio.
“Não se encontrava lesões nos braços e como ele estava sem as vestimentas dos membros inferiores, ele também não tinha arranhaduras nos membros. Isso leva a crer que ele foi colocado ali já inconsciente ou sem vida”, completou o perito.
Adalberto ficou desaparecido por 80 horas, mas quando o corpo dele foi encontrado, o médico legista apontou que a morte teria ocorrido entre 36 e 40 horas. Para Cleiton, o intervalo de tempo mostra que o buraco não foi o único local onde o cadáver ficou.
“Ele tinha uma mancha nas costas, que é quando o sangue fica concentrado na região onde o corpo fica apoiado. Podem ter deixado ele deitado num local, num cativeiro e só depois levado para o buraco”, disse.
Pertences não foram roubados
Adalberto vestia uma jaqueta de couro avaliada em quase R$ 3 mil. Dentro dela, estavam o celular, a chave do carro e a carteira com R$ 300. Apenas um objeto foi subtraído: a câmera acoplada ao capacete do empresário.
“A pessoa que cometeu o ato poderia ter levado a câmera, porque ela pode ter filmado o agressor momentos antes do ocorrido com a vítima”, explicou o especialista.
Um amigo de Adalberto, que estava com ele no evento, disse à polícia que os dois se despediram no fim do festival e que o empresário seguiu rumo ao estacionamento, onde o carro dele estava. Mas para o perito forense, a vítima pode não ter feito o mesmo caminho de quando chegou ao autódromo.
“Pelas imagens aéreas, ele teria cortado caminho, passando pelo buraco, mas poderia ter feito o mesmo caminho que chegou, para voltar e não fez”, disse o perito.
O capacete de Adalberto estava próximo ao corpo, mas sujo de terra. Para o especialista, a sujeira reduz as chances de haver evidências e impressões digitais que identifiquem os supostos envolvidos. O que não aconteceria, por exemplo, com a calça e os sapatos da vítima.
“Vamos dizer que teve uma luta corporal com o agressor e pode ser que ele tenha sido atingido pelo capacete, e vamos supor que o sangue tenha pego na calça da vítima. E ele não quis deixar vestígios”, disse.
Durante as buscas com cães farejadores, uma calça jeans e um par de botar foram localizados dentro de uma lixeira, nos arredores do autódromo, mas segundo a esposa da vítima, os objetos não pertencem ao marido. Ainda assim, o material será periciado. A causa da morte permanece em investigação.
“O corpo da vítima fala... os laudos vão trazer respostas de lesões, o que aconteceu, tempo da morte, um quebra-cabeças que vai se juntando a depoimentos de testemunhas, perícia no celular da vítima, se ele falou com alguém, para finalmente chegar ao que aconteceu”, afirmou.