
A namorada do adolescente de 14 anos que matou os pais e o irmão em Itaperuna, no Norte Fluminense, participou do planejamento e instigou o crime. A conclusão é da Polícia Civil. A menina de 15 anos é do Mato Grosso e foi apreendida na segunda-feira (30) na cidade de Água Boa.
As investigações apontaram que os dois se conheciam virtualmente há seis anos, mas que no último ano passaram a se relacionar de forma séria. No entanto, os pais de ambos proibiam que eles viajassem para se encontrarem pessoalmente.
A proibição motivou o adolescente a atirar nos pais e no irmão, de apenas três anos, enquanto dormiam, no último dia 21. (Três dias depois, os corpos foram encontrados pela polícia na cisterna da casa da família e o suspeito foi apreendido. O adolescente ainda tinha ido à delegacia, acompanhado da avó, para registrar o desaparecimento dos familiares.
Conversas obtidas pela investigação comprovaram que a menina deu um ultimato para que eles se encontrassem pessoalmente, utilizando chantagens emocionais, como explica o delegado Carlos Augusto Guimarães.
A adolescente sugere aqui que o outro adolescente demonstrasse ser homem para vê-la pessoalmente, o que sugere uma chantagem emocional para encorajamento para a prática dos crimes. Houve também um ultimato acerca do término do relacionamento caso não se encontrassem pessoalmente, ultimato esse dado pela própria adolescente. Também foram verificadas conversas sobre métodos de matar, se com arma de fogo ou facadas, e qual seria a ordem dessas mortes. Num dos diálogos, eles falam que o pai deveria ser o primeiro a ser executado, até porque é uma pessoa que poderia impedir os outros assassinatos. Tem também conversas de como sumiriam com os corpos.
O delegado Carlos Augusto Guimarães também diz que os adolescentes trocavam mensagens momentos antes e durante a execução dos familiares.
Vimos ali uma conversa sobre o adolescente estar com a arma de fogo do pai embaixo do travesseiro, momentos antes de atirar em seus familiares. Vimos também reclamação da adolescente sobre o adolescente estar online e não acompanhar as mensagens. Verificava ali uma angústia, uma ansiedade dela em saber o que estava acontecendo, e o que indica também a intensa manipulação dela exercida sobre ele, bem como o sadismo da adolescente. Em seguida, há uma postagem da foto da família morta na cama logo após os disparos, o que sugere enorme frieza do atirador, que afirma ter tido muito sangue frio e que fez por amor pela outra adolescente. Isso tudo indica a intensa participação da adolescente em todos os crimes.
Segundo a Polícia Civil, nas conversas, o adolescente demonstrou não ter afeto pelos familiares e que matá-los seria questão de tempo. Além disso, a jovem do Mato Grosso teria sugerido que a avó, que foi à delegacia com ele, também fosse morta.
Por fim, a menina diz ao adolescente que agora só faltaria matar a mãe dela, e questiona se o jovem conseguiria encontrá-la em posse da arma utilizada para matar os pais dele.