O presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira, confirmou em entrevista esta semana que o banco estatal lançara em novembro deste ano sua própria casa de apostas. Segundo Vieira, a instituição projeta arrecadar entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões no ano que vem com a nova operação da “bet da Caixa”.
“Nosso objetivo é que a bet esteja no ar até o final de novembro. Este ano, os números acumulados (com as loterias) foram menores, e isso interfere nos resultados”, afirmou em entrevista ao Money Times.
O negócio possui três marcas registradas, que o banco público poderá usar em sua nova plataforma de jogos: BetCaixa, MegaBet e Xbet Caixa.
Ainda de acordo com o Vieira, a iniciativa deverá estar integrada ao sistema que impede pessoas cadastradas no Bolsa Família e no Benefício de Prestação Continuada (BPC) de fazer apostas.
Iniciativa é criticada pela base e pela oposição
Após a confirmação da criação do site da aposta da Caixa, a reação foi negativa tanto na base do governo quanto na oposição. No Senado, Damares Alves chamou de retrocesso a criação da “bet da Caixa”.
"A decisão da Caixa Econômica Federal de criar sua própria plataforma de apostas on-line, uma bet, representa talvez um dos maiores retrocessos morais e sociais da história recente do país. Trata-se de um movimento contraditório, perigoso e profundamente irresponsável, vindo justamente de uma instituição pública, que nasceu para promover o desenvolvimento social, a habitação popular e a inclusão financeira, e não para explorar o vício e a vulnerabilidade econômica da população mais pobre”, afirmou a senadora.
A economista e conselheira do Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, Nathália Rodrigues de Oliveira, conhecida como Nath Finanças, também criticou a ação da Caixa. Em posts e vídeos nas redes sociais ela se disse contra a normalização dos sites de apostas no Brasil.
“Eu preciso dizer o quando eu sou contra esse tipo de normalização de bets no nosso país. Porque quando a gente normaliza isso, está abrindo um aval não são de arrecadação de dinheiro, mas de saúde pública. É como se o SUS e o Ministério da Saúde falassem: o cigarro é prejudicial, mas estão oferecendo cigarro para as pessoas”, disse.