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Uso estético de anabolizantes é proibido, mas há casos em que são indicados; saiba quais
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O uso de esteroides anabolizantes, o famoso “suco” que muitos influenciadores fitness se referem, segue dividindo opiniões. De um lado, estão jovens e adultos que buscam resultados rápidos em academias, recorrendo ao uso indiscriminado dessas substâncias para fins estéticos ou de performance esportiva. De outro, estão especialistas que reforçam os riscos que os tais medicamentos podem trazer à saúde e lembram que os anabolizantes só devem ser utilizados em casos específicos.

Para entender melhor o assunto, o Band.com.br ouviu Bruno Leandro, coordenador da Câmara Técnica de Endocrinologia e Metabologia do Conselho Federal de Medicina (CFM), e Fabio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). 

Ambos foram categóricos: não existe indicação médica para uso de anabolizantes com fins estéticos ou esportivos, como o fisiculturismo. No entanto, os especialistas disseram saber da existência de outros médicos que prescrevem

O que são os anabolizantes e por que atraem usuários?

Os esteroides anabólicos são derivados da testosterona, hormônio naturalmente produzido pelo corpo. Eles atuam aumentando a síntese de proteínas nos músculos, o que gera crescimento muscular, ganho de força e redução da fadiga.

Fabio Moura alerta que o uso desenfreado por aumentar riscos de problemas cardiovasculares. “Em doses baixas, os esteroides podem atuar predominantemente no músculo, aumentando células e estimulando crescimento. Mas em doses altas, os efeitos se espalham para outros órgãos, elevando riscos cardiovasculares, hepáticos e psiquiátricos.

É justamente nesse ponto que os riscos se potencializam. Para fins estéticos, as doses utilizadas costumam ser muito superiores às que teriam algum respaldo médico, expondo os usuários a complicações que podem surgir anos depois.

Riscos do uso indiscriminado

O Conselho Federal de Medicina proibiu em 2023 a prescrição de anabolizantes para estética e performance. A decisão se baseou em evidências que mostram que os riscos superam muito os possíveis ganhos.

Os especialistas reforçam que nem mesmo atletas de fisiculturismo possuem indicação médica para uso. “O ganho de performance não compensa o risco de vida. Quando o benefício é menor e o risco é maior, a medicina não recomenda", diz Bruno.

Entre os efeitos adversos destaca:

• Doenças cardiovasculares: aumento do risco de infarto, AVC, arritmias e trombose.

• Complicações hepáticas: risco de insuficiência do fígado e até câncer hepático.

 Alterações hormonais: infertilidade, disfunção erétil e queda na produção natural de testosterona.

• Problemas psiquiátricos: surtos psicóticos, depressão e dependência química.

• Colesterol: aumento do LDL (“ruim”) e queda do HDL (“bom”), acelerando processos de aterosclerose.

Fabio lembra ainda que o uso pode afetar até o coração de atletas de alto rendimento. “Os anabolizantes aumentam músculos, mas também o músculo cardíaco, que se torna disfuncional e mais propenso a arritmias”, explica.

Quando os anabolizantes têm indicação médica?

Apesar da condenação ao uso estético, os especialistas reforçam que existem cenários clínicos em que os anabolizantes trazem benefícios reais. São elas:

• Reposição hormonal em homens com hipogonadismo (quando há deficiência na produção de testosterona).

• Tratamento de puberdade tardia em adolescentes.

• Queimaduras graves, especialmente em crianças, em que o uso de oxandrolona em baixas doses reduziu tempo de internação e melhorou qualidade de vida.

• Síndromes consuntivas (como casos graves de AIDS ou câncer), em que ajudam a reduzir perda muscular e melhorar força.

• Sarcopenia severa em idosos, condição marcada pela perda de força e massa muscular.

No entanto, Fabio ressalta que, mesmo nesses casos, os estudos ainda são limitados. “O uso em queimados e pacientes com sarcopenia mostrou melhora de qualidade de vida, mas não reduziu mortalidade. São situações em que se pesa risco e benefício, e a prescrição é sempre restrita e monitorada”, explica.

Fonte: Band.
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